Elas são responsáveis por mais de 70% das decisões de compra, um número que não é mais novidade, mas que pauta os caminhos do mercado. Além de ter esta voz na hora da compra, sua participação na economia vem crescendo exponencialmente, pouco mais de 40% da mão de obra brasileira é delas. Outro fator é que um quarto dos lares brasileiros é administrado e mantido pela renda feminina. Contudo um ponto fundamental desta virada é o fator ideológico, o papel das mulheres, sobretudo nas cidades ocidentais, viveu uma grande revolução e mantém uma importante crescente.
Desde os anos 60 a busca por independência e livre expressão da feminilidade ecoou pelo mundo em todas as dimensões e setores. Um protagonismo conquistado com muitas lutas e de forma gradativa. Até mesmo antes deste período a mulher, chamada de “dona de casa”, já tinha voz ativa nas compras porque o homem colocava-se apenas como o provedor. Os produtos e marcas que auxiliavam na manutenção da casa e do bem-estar das crianças passavam pelo crivo das “administradoras”, mas as empresas até então ainda não estavam atentas às necessidades pessoais das consumidoras. Posteriormente, observando esta transição vultosa que apontava para o século 21, não é difícil imaginar que muitos valores e atitudes influenciariam o consumo.
“Eu escolho o que quero e o que é melhor para mim”. As mulheres deixaram de ser coadjuvante nesta escolha para obrigatoriamente pautar as reuniões das equipes de criação, produção, marketing, distribuição e de loja. Elas continuam decidindo os produtos para a casa e os filhos? Sim. Infelizmente o processo de desconstrução da formação antiga do homem é mais lento. Mas agora a mulher escolhe também produtos para ela e encontra quase tudo que deseja e não o que a sociedade dita como melhor.
O poder feminino está nas propagandas, nas marcas, produtos, nos layouts do ponto de venda. A mulher coloca-se como referência em todas as suas formas de atuar na sociedade. O tema liberdade está em alta e é um caminho sem volta. Quanto menos conservador, melhor. Mas se a mulher quiser ser conservadora também pode, absolutamente nada é forçado.
Segundo CDL (Camera de Dirigentes Lojistas), numa pesquisa realizada antes da pandemia, os setores da moda, beleza e eletrônicos são os que mais evoluíram no quesito “atender às necessidades das consumidoras”. Por outro lado, o da saúde e finanças foi o que menos acompanhou estas mudanças. Ainda seguindo os resultados da pesquisa, as brasileiras preferem empresas que atuem com honestidade, ofereçam vantagens, tenham preço justo, entreguem no prazo e disponibilizem produtos diferenciados. Certamente este público deve ser visto como uma oportunidade de alavancar as vendas, a economia tende para um vetor positivo ao dar atenção a esta fatia de mercado. Portanto, é preciso entender que as mulheres não são “empoderadas”, elas apenas são. Neste sentido mostram força, mas também todas as suas qualidades. Basta o mercado compreender isto de forma natural, sem estereótipos ou barreiras históricas e passar a oferecer experiências que realmente as acompanhe de perto e entenda de fato os seus propósitos na sociedade.