Não faz muito tempo que o termo “queda nas vendas” era relacionado estritamente ao simples ato de o consumidor deixar de comprar presencialmente determinada marca, produto, ou deixar de frequentar uma loja. A queda recente do Facebook, Instagram e WhatsApp expôs o forte vínculo que existe entre comércio e estes aplicativos, sobretudo no período de pandemia, um acontecimento catalisador do processo de amadurecimento destas ferramentas como poderosas plataformas de vendas.
Para alguns usuários, a queda destes principais aplicativos utilizados no mundo foi uma oportunidade de “desintoxicar”, revisitar outros valores, aproximar-se “analogicamente” de quem gosta, olhar no olho, fazer uso da função original do telefone e dizer com a própria voz as palavras que seriam escritas quase automaticamente numa rede social. Mas para outras pessoas este foi literalmente um péssimo negócio, principalmente para Mark Zuckerberg, que em poucas horas perdeu US$ 6 bilhões. Imagine para os “mortais”? Grandes, médios e pequenos empresários tiveram que interromper as vendas online e levaram um prejuízo considerável em menos de um dia.
Negócios deixaram de ser fechados, serviços foram interrompidos e, neste instante nos demos conta do quanto estes apps ditam nosso ritmo de vida, o quanto eles são invasivos em nosso cotidiano. Não só no formato da relação humana, mas como um valioso canal de negócios e até mesmo a garantia de sustento para muitos empreendedores. São 5 milhões de contas de WhatsApp Business e mais de 175 milhões de pessoas trocam mensagens no país nestas plataformas diariamente. Segundo pesquisa do Sebrae, 23% dos empresários têm sites próprios de venda, 84% das vendas pela internet são preferencialmente fechadas por WhatsApp e, na sequência, aparece o Instagram (54%) e Facebook (51%).
Se este fluxo de venda virtual para gera rapidamente a perdas gigantes em negócios pelo mundo. Este evento levou a uma reflexão fundamental: somos reféns destas plataformas para que os números econômicos não caiam. E agora, quem vai arcar com este prejuízo? Até o momento da história, ninguém. A relação das pessoas com estas redes sociais é de informalidade, não há contrato. Um exemplo da “realidade”: se uma padaria perde algum equipamento por causa de uma queda de energia, ela deve ser ressarcida pela companhia que fornece energia. Há uma formalidade que protege o empresário.
A segunda-feira na qual o “mundo parou” deve servir como um “marco questionador”, sobretudo para que nos posicionemos a partir deste acontecimento. Vale a pena ficar refém deste serviço? Se acontecer novamente, quais as opções para não ter pane financeira? A gratuidade deste serviço é uma vantagem ou desvantagem? Estamos engatinhando ainda na Internet, certamente no futuro iremos julgar os processos de compra e venda por meio dos dispositivos móveis de hoje como algo ultrapassado; assim como lembramos dos orelhões e as falhas das fichas na hora de realizar as ligações. Mas até lá vale levantar estas e outras reflexões para validar novos caminhos descentralizadores com o objetivo de preservar os negócios agora.